19.06.2014

Dezenas de Materiais Compuseram Tapetes da 51ª Festa

Pó de serra, palha de café, pedra, areia, folhas, flores, papel, plástico, borracha de pneu triturada, tampinhas de garrafa, copos descartáveis e muitos outros tipos de materiais recicláveis foram utilizados na confecção do mais tradicional tapete de Corpus Christi do Espírito Santo em Castelo, que este ano completou 51 anos. Alguns materiais foram pintados com meses de antecedência em um trabalho que envolve mais de 3.000 voluntários.

A criatividade dos artistas anônimos na utilização de dezenas de tipos diferentes de materiais chamou a atenção dos visitantes. "Todo ano venho ver e reparo que sempre muda tudo. Nunca tem nada igual aos anos anteriores. Esse pessoal está de parabéns. Uma demonstração de tanta dedicação e fé. Pena que fica aqui exposto por menos de 24 horas. Dá vontade de chamar todo mundo que a gente conhece pra vir aqui ver também. Agora, com a rede social é bom que a gente tira foto e pode postar pra mais gente de fora ver", contou a professora que veio de Vila Velha, Adriana Vieira, enquanto postava uma foto através do celular.

Quem aproveitou para visitar o percurso ainda no momento da confecção ficou impressionado com o que viu. "Antigamente era usada muita folha e flor. Lembro-me que a gente picava muito cipreste. Também juntávamos pó de café e palha. Não era assim como agora, com muitos formatos geométricos, curvas e tantos detalhes. É uma obra de arte. Uma perfeição para a gente apreciar", disse Gicélia Barros Duarte, castelense aposentada.

"Cada ano fica mais bonito. Eu ajudei muito a fazer nas décadas de 60 e 70, mas hoje evoluiu muito. Antes a gente ficava até o dia amanhecer na rua para acabar, dar conta de tudo. Hoje muita coisa é feita antes. Assim fica mais prático, mas o trabalho ainda é tão grande quanto na minha época", revelou a aposentada, Denizete Vieira Barbosa.

O altar onde acontece a missa campal, localizado na escadaria da Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha este ano ganhou uma decoração diferenciada. As tradicionais flores foram substituídas por galhos de café com folhas e muitos frutos maduros. A cor vermelha dos grãos nos mais de 100 galhos deu um charme diferenciado ao altar, que também contou com muito trigo e um imenso cálice revestido com sacos de café.

"Nossa ideia foi valorizar a agricultura da nossa terra. O café representa a base da nossa economia e estes grãos simbolizam o trabalho, o suor e sustento de muitas das nossas famílias. Tudo foi doado pelos agricultores do nosso município. Eles não mediram esforços, não mensuraram valores, para colaborar com a gente para enfeitar o caminho onde Jesus vai passar", contou Bernadete Fazolo Pimenta, que há cerca de dez anos faz parte da equipe que ornamenta a frente da Igreja.